Lacan, um dos mais influentes teóricos da psicanalise, oferece uma compreensão única sobre a agressividade humana em sua teoria. Neste artigo, exploraremos a concepção de Lacan sobre a agressividade, examinando como ele a relaciona com a pulsão sexual, o narcisismo e o desenvolvimento do Eu.

Principais pontos

• Lacan concebe a agressividade humana como parte da pulsão sexual, mas também a diferencia como uma pulsão independente.
• A agressividade desempenha um papel fundamental na formação do Eu, estabelecendo a diferenciação entre o sujeito e o mundo externo.
• Lacan introduz o conceito de “pulsão de morte” para descrever a agressividade como uma pulsão oposta à sexualidade.
• A compreensão da concepção de Lacan sobre a agressividade nos permite entender a origem da agressão humana e sua relação com a formação do Eu.

A dualidade entre pulsões e ambiente na concepção de agressividade de Lacan

Lacan enfrentou um dilema em relação à agressividade, pois, por um lado, reconheceu a importância do ambiente na formação do psiquismo humano, mas, por outro lado, deu primazia às pulsões na determinação do sujeito. Essa dualidade se reflete em sua teoria, na qual ele discute a autonomia pulsional comandando o psiquismo e a necessidade de uma relação com o ambiente para o desenvolvimento do sujeito. No entanto, Lacan acabou privilegiando as pulsões e relegando o ambiente a um papel secundário na conceituação da agressividade.

Em sua perspectiva, a agressividade não é meramente uma resposta ao ambiente, mas sim uma pulsão que surge de dentro do sujeito. Lacan argumenta que a agressividade é uma pulsão independente e oposta à sexualidade, movida por um desejo de estabelecer uma diferenciação entre o “Eu” e o “não-Eu”. Essa pulsão destrutiva, que ele denomina de “pulsão de morte”, busca a redução completa das tensões e pode se manifestar de diferentes formas.

Embora Lacan reconheça a importância do ambiente na formação do sujeito, ele enfatiza a centralidade das pulsões na constituição do psiquismo. Isso pode ser visto na maneira como ele concebe a agressividade, dando mais destaque à sua relação com as pulsões do que com o ambiente. Essa concepção dual entre pulsões e ambiente na teoria de Lacan cria um dilema na compreensão da agressividade e seu papel no comportamento humano.

O papel da agressividade no desenvolvimento do Eu

A agressividade desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do Eu, de acordo com a concepção de Lacan. Segundo ele, é por meio da relação com o ambiente que o sujeito começa a perceber a existência de outros e a diferenciar-se do “não-Eu”.

A agressividade surge como uma forma de estabelecer essa diferenciação, ao mesmo tempo em que expressa o repúdio primordial do ego narcisista ao mundo externo. Nesse sentido, a agressividade desempenha um papel crucial na constituição do Eu e na sua relação com o ambiente.

Ao se deparar com a presença do outro, o sujeito experimenta uma tensão entre o desejo de união com o outro e a necessidade de preservar a sua individualidade. A agressividade manifesta-se como uma resposta a essa tensão, permitindo ao sujeito estabelecer limites e afirmar a sua autonomia.

O papel da agressividade na constituição do Eu

De acordo com a teoria de Lacan, a agressividade desempenha um papel essencial na constituição do Eu. Ela representa tanto uma forma de estabelecer fronteiras entre o “Eu” e o “não-Eu”, como uma maneira de lidar com a tensão entre o desejo de união e a necessidade de preservar a individualidade. A agressividade, portanto, é uma força motriz no processo de desenvolvimento do sujeito.

• Agressividade como diferenciação: Através da agressividade, o sujeito busca estabelecer-se como um indivíduo único e separado dos outros.
• Agressividade como afirmação do Eu: A agressividade permite ao sujeito impor limites e afirmar-se como um ser autônomo e independente.
• Agressividade como resposta à tensão: A presença do outro gera uma tensão entre o desejo de união e a necessidade de preservar a individualidade, e a agressividade é uma resposta a essa tensão.

“A agressividade é uma forma de expressar o repúdio do ego narcisista ao mundo externo, ao mesmo tempo em que estabelece as bases para a constituição do Eu.” – Lacan

A agressividade como pulsão de morte

Lacan introduz o conceito de “pulsão de morte” para descrever a agressividade como uma pulsão independente e oposta à sexualidade. Segundo sua concepção, a agressividade não está ligada apenas à sexualidade, mas é uma expressão do impulso do Ego e do desejo de estabelecer uma diferenciação entre o “Eu” e o “não-Eu”. A pulsão de morte tende para a redução completa das tensões e pode se manifestar sob a forma de pulsão agressiva ou destrutiva.

A agressividade, conforme concebida por Lacan, desempenha um papel crucial na dinâmica do psiquismo humano. Ela se manifesta como um componente autônomo e exagerado da pulsão sexual, movido pelo desejo de afirmação e pela necessidade de estabelecer limites entre o sujeito e o mundo externo. Essa tensão entre a agressividade e a sexualidade cria uma dualidade intrínseca à concepção lacaniana da agressividade.

É importante ressaltar que a pulsão de morte não se refere literalmente à morte física, mas sim à busca incessante pela redução das tensões psíquicas. A agressividade, nesse sentido, é vista como uma forma de liberar e aliviar as tensões internas do sujeito. Ela desempenha um papel essencial na constituição do Eu, na diferenciação do sujeito em relação ao mundo externo e na busca por satisfação e prazer.

A agressividade como pulsão de morte:

“A agressividade é uma expressão do impulso do Ego e do desejo de estabelecer uma diferenciação entre o “Eu” e o “não-Eu”.” – Lacan

Em suma, a concepção de Lacan sobre a agressividade como pulsão de morte nos permite compreender a raiz da agressão humana e sua relação intrínseca com a formação do Eu. Ao destacar a importância dessa pulsão no psiquismo, Lacan nos convida a refletir sobre a complexidade da agressividade e sua influência na dinâmica do sujeito.

Conclusão

Em conclusão, a teoria de Lacan sobre a agressividade na psicanalisenos permite compreender a natureza complexa desse fenômeno humano. Lacan concebe a agressividade como uma parte da pulsão sexual, mas a diferencia da sexualidade ao introduzir o conceito de “pulsão de morte”. Essa pulsão, oposta à sexualidade, busca a redução completa das tensões e pode se manifestar como uma pulsão agressiva ou destrutiva.

Lacan estabelece uma relação entre agressividade e narcisismo, argumentando que a hostilidade está no cerne da relação do sujeito narcisista com o mundo externo. No entanto, é importante ressaltar que a teoria de Lacan privilegia a primazia das pulsões sobre o ambiente, diminuindo o papel do meio na conceituação da agressividade.

A compreensão da concepção lacaniana sobre a agressividade nos permite entender a raiz da agressão humana e sua relação com a formação do Eu. A agressividade desempenha um papel crucial na dinâmica do psiquismo humano, sendo um componente da pulsão sexual autonomizada e exagerada. No entanto, é importante considerar o contexto social e ambiental para uma compreensão mais abrangente desse fenômeno complexo.

Links de Fontes

• http://www.multiplosacessos.com/multaccess/index.php/multaccess/article/download/210/157
• freud/” target=”_blank” rel=”noopener”>https://euemtorno.wordpress.com/2017/06/01/o-conceito-de-agressividade-em-freud/
• https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/93954/278380.pdf?sequence=1&isAllowed=y