Personalidade estrutura – é como um edifício intrincado com vários andares e salas, construído ao longo de anos de experiências e interações.
EGO
No cerne dessa estrutura, encontramos o desenvolvimento do ego. O ego é o nosso senso consciente de identidade, a parte da mente que equilibra os impulsos básicos e as demandas sociais.
Ele atua como um gerente no epicentro desse vasto edifício, garantindo que tudo esteja em harmonia.
FALHAS
Porém, assim como em qualquer construção, falhas estruturais podem surgir. Em termos de personalidade, essas falhas são manifestadas como neuroses e psicoses. Freud, em 1917, debruçou-se sobre esses conceitos, distinguindo-os fundamentalmente.
NEUROSES
As neuroses são como rachaduras na parede, indicando conflitos não resolvidos que afetam o dia a dia, mas sem romper completamente a estrutura. Já as psicoses são danos mais profundos, onde a distinção entre realidade e fantasia é prejudicada.
NARCISISMO
Navegando pelo nosso edifício metafórico, entramos na sala do narcisismo. Aqui, encontramos um espelho que reflete o nosso amor-próprio. Em 1914, Freud explorou o conceito de narcisismo como um investimento libidinal em nós mesmos.
No entanto, um investimento excessivo pode ser problemático. Uma sala repleta de espelhos pode se tornar um labirinto confuso, simbolizando uma personalidade excessivamente focada em si mesma.
LUTO
À medida que avançamos, deparamo-nos com espaços mais sombrios, onde luto e melancolia residem. Freud, em 1917, detalhou como lidamos com a perda em nossa psique. O luto é uma resposta natural à perda, um processo de cura onde eventualmente encontramos paz.
MELANCOLIA
A melancolia, por outro lado, é como uma sala que permanece escura, simbolizando uma perda não resolvida que afeta profundamente a personalidade.
AGRESSÃO
E no último corredor dessa exploração, confrontamo-nos com a teoria da agressão. A personalidade não é apenas construída de amor e desejo, mas também de conflito. Entre eros (o impulso de vida) e thanatos (o impulso de morte), a agressão se manifesta. Este é o equilíbrio delicado que o ego deve gerenciar: a tensão entre criar e destruir, amar e odiar.
A estrutura da personalidade é um fascinante labirinto de salas e corredores. O ego, neuroses, psicoses, narcisismo, luto, melancolia e agressão são apenas alguns dos muitos componentes que formam o nosso edifício psíquico.
CONCLUSÃO
Cada indivíduo possui uma arquitetura única, moldada por experiências, desejos e conflitos. E, ao entender essa estrutura, ganhamos insights valiosos sobre quem somos, como nos relacionamos com o mundo e como podemos crescer e evoluir como seres humanos.
Floripa – 2023
BIBLIOGRAFIA
“Luto e Melancolia” (Trauer und Melancholie) por Sigmund Freud, publicada em 1917.
Em “Luto e Melancolia”, Sigmund Freud investiga os complexos mecanismos psicológicos por trás da experiência humana de perda e luto. Neste texto, o renomado pai da psicanalise distingue entre as respostas normais ao luto e o estado patológico da melancolia, que mais tarde seria associado ao que hoje chamamos de depressão clínica.
O luto é apresentado como uma reação natural e esperada à perda de um ente querido ou de algo que possuía valor simbólico para o indivíduo. É um processo pelo qual a pessoa gradualmente desvincula energia emocional (libido) do objeto perdido e a realoca em outros lugares, permitindo que a vida continue.
Em contraste, a melancolia ocorre quando a perda não é totalmente processada. A pessoa afetada pode não saber exatamente o que perdeu, levando a sentimentos de autodepreciação, extrema tristeza e até autodeflagelação. Para Freud, a melancolia é caracterizada por uma perda não reconhecida, onde o ego se identifica com o objeto perdido, levando a um complexo de crítica e autoagressão.
Freud também aborda temas de autoestima, identidade e a relação entre o ego e os objetos amados, proporcionando uma compreensão profunda de como as pessoas processam a perda e o trauma.
“Luto e Melancolia” é uma peça fundamental na literatura psicanalítica, não apenas por suas revelações sobre tristeza e depressão, mas também por seu estudo detalhado sobre a dinâmica do ego e seu papel na regulação das emoções e na formação da identidade.