MECANISMOS DEFESA – Eles são a linha de frente de nossa psique, trabalhando incansavelmente para proteger nosso eu das angústias e ansiedades do mundo exterior. Estes mecanismos, muitas vezes operando além de nossa consciência, são uma espécie de escudo psicológico.

A REPRESSÃO

A repressão, talvez o mecanismo de defesa mais conhecido, atua empurrando pensamentos e sentimentos perturbadores para o inconsciente, escondendo-os da consciência imediata. Pode ser visto como um “esquecimento conveniente”, onde memórias dolorosas são colocadas em um compartimento oculto da mente.

SUBLIMAÇÃO

Já a sublimação é mais sutil. Transforma impulsos inaceitáveis em comportamentos sociais aceitáveis. Um exemplo clássico é o indivíduo agressivo que canaliza sua agressão para esportes de contato, convertendo uma energia potencialmente prejudicial em uma produtiva.

FORMAÇÃO REATIVA

A formação reativa é um pouco mais complexa. Aqui, alguém expressa o oposto de seus verdadeiros sentimentos. Pode ser o caso do colega de trabalho que age exageradamente amigável, mas, na realidade, nutre sentimentos negativos por você. O comportamento exagerado serve para ocultar a verdadeira emoção.

PROJEÇÃO

A projeção é quando atribuímos nossos sentimentos ou pensamentos inaceitáveis a outra pessoa. É como se estivéssemos lançando nossas próprias inseguranças sobre os outros. “Não sou eu que estou com ciúmes, é você!” – é uma clássica manifestação da projeção.

IDENTIFICAÇÃO

Identificação é um mecanismo que nos permite nos conectar e nos espelhar em outro. Pode surgir do desejo de se alinhar com uma figura admirada ou de afastar sentimentos de ansiedade. Assumir características de alguém que você respeita pode ser uma maneira de fortalecer o próprio ego.

ISOLAMENTO

Isolamento é um mecanismo interessante. Aqui, um indivíduo pode se lembrar de um evento ou pensamento, mas desvincula o afeto associado a ele. É como recordar um momento traumático sem sentir a dor emocional que o acompanhou originalmente.

NEGAÇÃO

E, finalmente, temos a negação. Este é um mecanismo de defesa em sua forma mais crua. É o ato puro de recusar-se a reconhecer a realidade de uma situação. Muitas vezes é temporário, dando ao indivíduo tempo para se ajustar a uma nova realidade antes de aceitá-la.

Em resumo, os mecanismos de defesa são ferramentas essenciais para a sobrevivência psicológica. Eles nos ajudam a navegar pelo turbilhão de emoções e conflitos que a vida lança em nosso caminho. Contudo, é importante reconhecer e compreender esses mecanismos. Quando overutilizados, podem distorcer a realidade e nos impedir de lidar com nossos verdadeiros sentimentos.

CONCLUSÃO

Entender esses mecanismos não é apenas uma exploração teórica da mente humana. É uma ferramenta prática que nos ajuda a ser mais autênticos, mais conectados e, em última análise, mais realizados. E em um mundo que está constantemente nos desafiando, esse autoconhecimento é, sem dúvida, nosso aliado mais valioso.

João Barros

Floripa – 2023

BIBLIOGRAFIA

1. “O Ego e os Mecanismos de Defesa”
   Autor: Anna Freud
   Ano: 1936
   Resenha: Esta obra, escrita pela filha de Sigmund Freud, é considerada um marco na compreensão dos mecanismos de defesa. Anna Freud detalha como o ego defende-se contra as ansiedades e conflitos internos, abordando mecanismos como repressão, projeção, sublimação e outros. É uma leitura essencial para quem deseja aprofundar-se nesse tema