Diferenças entre a Psicanálise e a Psicologia Convencional

Ao explorar o vasto campo da mente humana, encontramos várias abordagens teóricas e práticas. Duas das mais reconhecidas são a Psicanálise e a Psicologia Convencional. Ambas buscam compreender o comportamento e a mente humanos, mas suas metodologias e enfoques são distintos. Este texto visa elucidar as principais diferenças entre essas duas abordagens, dividindo-as em cinco subtemas:

  1. Origens e Fundadores
  2. Metodologias de Intervenção
  3. Abordagem sobre o Inconsciente
  4. Visão sobre Desenvolvimento e Conflitos
  5. Aplicações e Ambitos de Atuação

1. Origens e Fundadores

A Psicanálise foi fundada por Sigmund Freud no final do século XIX e início do século XX. Ela se originou a partir das observações clínicas de Freud com seus pacientes e sua tentativa de compreender as causas subjacentes de seus sintomas.

Freud acreditava que a mente humana era governada por forças inconscientes, e que muitos dos problemas psicológicos das pessoas eram o resultado de conflitos internos não resolvidos desde a infância.

Em contraste, a Psicologia Convencional possui várias origens e fundadores, dependendo da abordagem. Por exemplo, o Behaviorismo, uma escola de pensamento da Psicologia Convencional, foi fundado por John B. Watson, que acreditava que o comportamento humano poderia ser completamente explicado por meio de condicionamento e estímulos ambientais.

A Psicologia Cognitiva, outra vertente da Psicologia Convencional, se concentra na maneira como as pessoas pensam, percebem e se lembram das informações. Nomes como Jean Piaget e Aaron Beck são reconhecidos nesse campo.

Em resumo, enquanto a Psicanálise tem suas raízes principalmente na obra de Freud e seus seguidores, a Psicologia Convencional engloba uma variedade de teorias e fundadores.


2. Metodologias de Intervenção

A Psicanálise utiliza o método da “livre associação”, onde o paciente é incentivado a falar livremente sobre seus pensamentos, sonhos e sentimentos. A interpretação dos sonhos é outro método fundamental, considerado por Freud como “a via régia para o inconsciente”.

O analista, na Psicanálise, assume uma postura neutra, servindo como um “espelho” para o paciente, refletindo suas projeções e permitindo que ele se conscientize de seus conflitos internos.

Por outro lado, a Psicologia Convencional utiliza uma variedade de técnicas, dependendo da abordagem. Terapeutas cognitivos, por exemplo, podem ensinar seus pacientes a identificar e desafiar pensamentos negativos e irracionais.

Os behavioristas utilizam o reforço e o condicionamento como ferramentas principais em suas intervenções, enquanto outros psicólogos podem adotar técnicas mais humanistas ou centradas na pessoa.

Em suma, a Psicanálise depende fortemente da exploração do inconsciente, enquanto a Psicologia Convencional pode variar em suas técnicas, focando mais no comportamento observável ou nos processos cognitivos.


3. Abordagem sobre o Inconsciente

Para a Psicanálise, o inconsciente é o epicentro da mente humana. Ele contém desejos, memórias e conflitos reprimidos que influenciam nosso comportamento diário.

Freud dividiu a mente em três partes: o id (impulsos primitivos), o ego (o mediador) e o superego (a voz moral). A interação entre essas três entidades resulta em conflitos internos, que se manifestam de várias maneiras em nossa vida cotidiana.

Na Psicologia Convencional, o inconsciente também é reconhecido, mas não é necessariamente o foco central. Muitas abordagens se concentram mais no comportamento observável e nos processos cognitivos.

Além disso, enquanto a Psicanálise vê o inconsciente como um reservatório de desejos e conflitos reprimidos, algumas abordagens convencionais o veem mais como um armazenamento de memórias e informações processadas automaticamente.

Portanto, enquanto a Psicanálise vê o inconsciente como a principal força motriz por trás do comportamento humano, a Psicologia Convencional tem uma visão mais diversificada e não necessariamente centrada no inconsciente.


4. Visão sobre Desenvolvimento e Conflitos

A Psicanálise acredita que o desenvolvimento humano passa por estágios psicossexuais (oral, anal, fálico, latente e genital). Cada estágio apresenta desafios específicos, e conflitos não resolvidos em um estágio podem levar a problemas psicológicos na idade adulta.

Freud acreditava que muitos dos problemas psicológicos dos adultos eram o resultado de traumas e conflitos não resolvidos na infância, especialmente relacionados a questões de sexualidade.

Em contraste, a Psicologia Convencional adota diversas teorias de desenvolvimento. Por exemplo, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget sugere que as crianças passam por estágios de desenvolvimento (sensoriomotor, pré-operacional, operacional concreto e operacional formal) relacionados à sua capacidade de pensar e entender o mundo.

Outros teóricos, como Erik Erikson, focam no desenvolvimento psicossocial, sugerindo que as pessoas passam por crises de identidade em diferentes fases da vida.

Assim, enquanto a Psicanálise tem uma forte ênfase nos estágios psicossexuais da infância, a Psicologia Convencional oferece uma variedade de teorias sobre o desenvolvimento ao longo da vida.


5. Aplicações e Ambitos de Atuação

A Psicanálise é frequentemente aplicada em contextos clínicos, ajudando indivíduos a resolver conflitos internos e a entender suas motivações inconscientes. Ela também influenciou áreas como a literatura, a arte e a cultura em geral.

Além do tratamento individual, a Psicanálise também se expandiu para abordagens grupais, institucionais e até culturais, analisando fenômenos sociais sob uma perspectiva psicanalítica.

A Psicologia Convencional, por sua vez, tem uma aplicação mais ampla. Ela é utilizada em escolas, hospitais, empresas e muitos outros ambientes. A Psicologia Convencional também se ramifica em várias especialidades, como psicologia esportiva, organizacional, educacional, entre outras.

Terapeutas convencionais trabalham com uma ampla gama de problemas, desde questões de aprendizagem e comportamento em crianças até problemas de saúde mental em adultos.

Portanto, enquanto a Psicanálise tem um foco mais restrito, mas profundo, na exploração do inconsciente, a Psicologia Convencional abrange uma ampla gama de aplicações e especialidades.


Em conclusão, a Psicanálise e a Psicologia Convencional oferecem visões distintas e complementares sobre a mente humana. Ambas são valiosas e contribuem significativamente para nossa compreensão do comportamento humano e para o bem-estar das pessoas. Escolher entre uma e outra dependerá do problema específico em questão e da abordagem preferida pelo profissional e pelo paciente.

Instituto Brasileiro de Terapia Holística – 2023

João Barros - empresário/escritor - professor com formação em filosofia/pedagogia, teologia/psicanálise (...) atualmente, diretor pedagógico na empresa SELO BE IBRATH - com foco na supervisão e qualificação dos produtos pedagógicos e cursos livres em saúde, qualidade de vida e bem-estar. Quanto às crenças e valores, vale a máxima: o caráter do profissional em saúde - isto é - dos psicanalistas/terapeutas - determina sua missão. "Mens sana in corpore sano".