ANSIEDADE, ESTRESSE E DISFUNÇÃO (…) caso n. 5

Embora nossa conversa pública sobre saúde tenha feito progressos significativos na integração de preocupações mentais e emocionais, ainda há muito a ser feito.

Considere, por exemplo, o caso de Roberto, que se viu lutando contra uma disfunção erétil, uma condição que muitas vezes é estigmatizada como um problema estritamente “físico”.

Roberto se encontra em uma espiral de estresse e ansiedade, sentimentos que intensificam sua condição.

Sua busca por uma solução o leva ao consultório de um terapeuta, onde ele aprende sobre o poder do mindfulness, conforme explorado por Mark Williams e Danny Penman em “Mindfulness: Atenção Plena”.

Ao invés de se concentrar em revisitar traumas passados ou reconstruir seus padrões de pensamento, a abordagem de mindfulness pede que ele preste atenção ao momento presente, abordando seu estresse e ansiedade de maneira não julgadora.

Como Williams e Penman sublinham, o mindfulness não é uma forma de escapismo; é uma ferramenta que nos permite entrar em contato com a nossa experiência presente de maneira plena, e com isso, mudar a relação que temos com o estresse e a ansiedade.

Roberto inicialmente se sente cético. Afinal, como a simples atenção ao momento presente pode ser uma solução eficaz para um problema que é tão enraizado em sua psique e tão manifestamente físico?

Ele está acostumado com a noção de que a solução deve ser igualmente complexa ao problema. Mas, na verdade, essa é a beleza do mindfulness.

Ele oferece um espaço de calma e aceitação, no qual se pode começar a perceber a ansiedade e o estresse como eventos passageiros, não como definições de quem se é.

É aqui que as abordagens tradicionais, como a psicanalise, podem ter suas limitações. Enquanto a psicanalisepode buscar entender os conflitos internos e inconscientes, muitas vezes demora a oferecer alívio imediato, algo que é muitas vezes necessário no tratamento de condições como a disfunção erétil.

Em contraste, a abordagem de mindfulness oferece um alívio mais imediato do estresse e da ansiedade, o que pode, por sua vez, ter um efeito positivo sobre as condições físicas.

A prática de mindfulness ensina Roberto a se dissociar de seus pensamentos automáticos de ansiedade e estresse, dando-lhe uma nova perspectiva sobre seu problema.

Ele aprende a tratar seus pensamentos e sentimentos como eventos que passam, e não como verdades eternas. Em fazer isso, ele nota uma diminuição nos níveis de ansiedade, o que, por sua vez, começa a ter um impacto positivo em sua disfunção erétil.

Essa mudança de perspectiva leva Roberto a uma compreensão mais profunda de sua condição. Ele começa a perceber que seu estresse e sua ansiedade são tão físicos quanto mentais.

O corpo, afinal, é uma orquestra de impulsos neurais, hormônios e outros processos bioquímicos. Quando a mente está em estado de caos, o corpo, inevitavelmente, acompanha.

É uma visão que lembra o pensamento de Pierre Weil e Roland Tompakow em “O Corpo Fala: a linguagem silenciosa da comunicação não verbal”, que também destaca a manifestação física do estresse e da ansiedade.

Em seu novo estado de atenção plena, Roberto é capaz de enfrentar seu problema com uma nova luz, armado com uma ferramenta que não apenas reduz o estresse e a ansiedade mas também promove um profundo estado de bem-estar.

Ele aprende que a cura verdadeira requer mais do que pílulas ou terapias tradicionais; ela exige uma compreensão completa do ser humano, uma que integre mente, corpo e, talvez o mais importante, o momento presente.

Em última análise, o caso de Roberto não é apenas uma vitória pessoal, mas também uma demonstração do poder dos métodos contemplativos em abordar condições que são muitas vezes tidas como estritamente médicas ou psicológicas.

É um testemunho do fato de que a busca pelo bem-estar é, no final, uma jornada complexa que se beneficia de múltiplas abordagens, e que a mente, em sua incrível complexidade, oferece não apenas o potencial para o sofrimento, mas também para a cura e o bem-estar.

CONCLUSÃO

João Barros

Floripa – 202

Como o estigma associado a condições como a disfunção erétil pode impactar o bem-estar mental de um indivíduo?

Resposta: O estigma social em torno de condições como disfunção erétil pode agravar o estresse e a ansiedade, tornando mais difícil para o indivíduo buscar ajuda e tratamento adequados. Esse estigma pode criar uma barreira adicional ao bem-estar, uma vez que o indivíduo pode se sentir envergonhado ou diminuído, comprometendo ainda mais sua saúde mental.

O que o mindfulness oferece que abordagens tradicionais como a psicanalisepodem não fornecer?

O mindfulness oferece uma forma mais imediata de alívio para o estresse e a ansiedade ao ensinar habilidades para focar no momento presente de forma não-julgadora. Enquanto a psicanalisepode ser um processo mais demorado que busca resolver conflitos inconscientes, o mindfulness fornece ferramentas que podem ser utilizadas instantaneamente para melhorar o estado mental e, por extensão, o bem-estar físico.

Como a prática de mindfulness pode impactar condições físicas como a disfunção erétil

A prática de mindfulness pode ajudar a reduzir os níveis de estresse e ansiedade, que são fatores conhecidos que afetam condições físicas como a disfunção erétil. Ao aprender a tratar pensamentos e sentimentos estressantes como eventos passageiros, um indivíduo pode diminuir a resposta de “luta ou fuga” do corpo, me

Qual é o papel do corpo na manifestação de estresse e ansiedade, e como isso se relaciona com a visão de “O Corpo Fala: a linguagem silenciosa da comunicação não verbal”?

Resposta: O corpo é uma complexa rede de processos bioquímicos, hormônios e impulsos neurais que estão intrinsecamente ligados ao estado mental. Quando a mente está estressada, o corpo responde liberando hormônios do estresse e outros sinais bioquímicos que podem afetar negativamente a saúde física. Essa perspectiva alinha-se com o conceito em “O Corpo Fala”, que enfatiza a manifestação física do estresse e da ansiedade.

Por que é importante considerar abordagens múltiplas e integradas ao tratar condições que são frequentemente categorizadas como médicas ou psicológicas?

Resposta: Cada indivíduo é uma complexa interação de fatores mentais, emocionais e físicos. Utilizar uma abordagem múltipla permite um tratamento mais holístico que aborda não apenas os sintomas, mas também as causas subjacentes e os fatores contribuintes. Isso aumenta as chances de um tratamento eficaz e sustentável, além de promover um bem-estar geral mais profundo.

João Barros - empresário/escritor - professor com formação em filosofia/pedagogia, teologia/psicanálise (...) atualmente, diretor pedagógico na empresa SELO BE IBRATH - com foco na supervisão e qualificação dos produtos pedagógicos e cursos livres em saúde, qualidade de vida e bem-estar. Quanto às crenças e valores, vale a máxima: o caráter do profissional em saúde - isto é - dos psicanalistas/terapeutas - determina sua missão. "Mens sana in corpore sano".