Em um ambiente de consultório moderno, com iluminação suave e cores neutras, João se senta desconfortavelmente.
Está lá para discutir uma questão delicada que tem afetado profundamente sua autoestima e seu relacionamento: a disfunção erétil. Embora a situação seja complexa e multifacetada, uma coisa é clara: João está extremamente ansioso e estressado.
Neste cenário, é difícil não lembrar da obra “Ansiedade – Como enfrentar o mal do século” de Augusto Cury. O psiquiatra brasileiro descreve a ansiedade como o “mal do século”, sublinhando a forma como ela permeia várias esferas da vida contemporânea.
Segundo Cury, vivemos na “Era do Pensamento Acelerado”, onde o excesso de estímulos e informações nos faz vítimas do que ele chama de “SPA” – Síndrome do Pensamento Acelerado, que resulta em um nível crônico de stress e ansiedade.
Para Cury, diferente da abordagem psicanalítica de Freud que enfoca a dinâmica inconsciente, a ansiedade pode ser gerenciada por meio de estratégias práticas, principalmente relacionadas à reestruturação cognitiva e ao controle comportamental.
No contexto da disfunção erétil, que João enfrenta, essa abordagem fornece ferramentas muito diretas para combater o problema.
João se dá conta, por exemplo, de que sua ansiedade em relação ao desempenho sexual é alimentada por uma série de pensamentos automáticos negativos.
Cury argumenta que esses pensamentos são como “janelas erradas” abertas em nossa mente, e que o primeiro passo para o controle da ansiedade é fechá-las. Para Cury, identificar e desafiar esses pensamentos são passos essenciais para recuperar o controle emocional.
Na abordagem de Cury, a antecipação do fracasso é um dos principais catalisadores da ansiedade. Este é certamente o caso de João, cuja expectativa de falha apenas perpetua seu problema.
A técnica de “desarmar a antecipação”, que envolve a substituição de pensamentos automáticos por afirmações realistas e positivas, torna-se uma estratégia chave para ele.
O estresse, claro, é um companheiro inseparável da ansiedade, e seu papel na disfunção erétil é substancial.
A preocupação constante com questões profissionais e pessoais atua como um gatilho para a ansiedade de desempenho, fechando o ciclo vicioso que impede João de manter uma ereção satisfatória.
Em sua obra, Cury também destaca a importância da “pausa” – um momento para desacelerar e se desconectar da avalanche de estímulos e preocupações que contribuem para o estresse e a ansiedade. João começa a incorporar momentos de “pausa” em sua rotina, praticando técnicas de respiração e meditação para acalmar a mente.
O modelo de Cury permite uma forma pragmática de tratar o problema, adicionando camadas de compreensão que complementam a abordagem psicanalítica.
Em uma perspectiva mais tradicional, a ansiedade e o estresse são vistos como sintomas de conflitos mais profundos, muitas vezes relacionados à dinâmica inconsciente e experiências passadas.
No entanto, como Cury aponta, eles também podem ser abordados como problemas comportamentais e cognitivos que podem ser “desconstruídos” e gerenciados de maneira mais direta.
O tratamento de João, portanto, torna-se um esforço colaborativo que utiliza insights tanto da psicanalisequanto da psiquiatria cognitivo-comportamental.
Compreender as raízes profundas de sua ansiedade é fundamental, mas também é crucial dar-lhe ferramentas práticas para gerenciá-la no aqui e agora.
Com o tempo, João começa a notar melhorias não apenas em sua vida sexual, mas também em seu bem-estar geral. Aprender a gerenciar sua ansiedade lhe dá uma nova perspectiva sobre como enfrentar outros desafios em sua vida.
Portanto, a disfunção erétil, especialmente quando agravada por ansiedade e estresse, pode ser entendida e tratada de várias maneiras, desde a exploração psicanalítica das tensões inconscientes até as técnicas cognitivo-comportamentais mais pragmáticas.
A abordagem de Augusto Cury, com seu foco na reestruturação cognitiva e controle comportamental, oferece uma estratégia imediata e prática para lidar com esse problema, complementando outras formas de intervenção terapêutica.
Neste sentido, a compreensão moderna da disfunção erétil deve necessariamente ser multidisciplinar, combinando diversas perspectivas para fornecer um tratamento abrangente e eficaz.
E, conforme demonstrado, a ansiedade e o estresse não são apenas obstáculos a serem superados, mas também indicadores valiosos que podem guiar o tratamento e fornecer pistas para uma vida mais equilibrada e gratificante.
Conclusão
Floripa, 2023