Autoestima problemas – A autoestima é um termo frequentemente usado, mas muitas vezes mal compreendido. Em uma sociedade que valoriza o sucesso e a perfeição acima de tudo, é fácil para a autoestima de uma pessoa ser corroída por comparações constantes com os outros.
Problemas de autoestima
A autoestima é um termo frequentemente usado, mas muitas vezes mal compreendido. Em uma sociedade que valoriza o sucesso e a perfeição acima de tudo, é fácil para a autoestima de uma pessoa ser corroída por comparações constantes com os outros.
Segundo Baumeister et al. (2003), a autoestima envolve a autoavaliação do valor próprio, e baixa autoestima pode levar a consequências sérias em vários aspectos da vida, incluindo saúde mental, relações e sucesso profissional.
O advento das redes sociais agravou ainda mais esse problema, com indivíduos constantemente expostos a versões “editadas” da vida dos outros.
As pressões para atingir um ideal frequentemente inatingível têm um custo emocional e psicológico. É comum que essa busca pela perfeição deixe as pessoas emocionalmente exaustas e psicologicamente frágeis.
Entender as raízes desses problemas de autoestima é o primeiro passo para tratá-los efetivamente. De acordo com Maslow (1954), uma autoestima saudável é um componente fundamental para atingir a auto-realização, o ápice da hierarquia de necessidades humanas.
As terapias específicas, como a psicoterapia cognitivo-comportamental, podem ajudar a identificar os gatilhos que levam à baixa autoestima e desenvolver estratégias para abordá-los.
Além disso, a integração de práticas terapêuticas que se concentram no bem-estar global, espiritualidade e sustentabilidade, pode fornecer uma abordagem holística ao problema.
Consequentemente, o aprofundamento na autoestima não só beneficia o indivíduo, mas também tem o potencial de agregar valor à comunidade como um todo. Quando as pessoas se sentem mais seguras e valorizadas, estão mais propensas a contribuir positivamente para a sociedade.
Pistas psicanalíticas para a autoestima
A psicanalise, originada com os trabalhos de Sigmund Freud, oferece ferramentas profundas para examinar como influências culturais e experiências pessoais contribuem para a autoestima.
Freud (1920) argumentava que a autoestima está intrinsecamente ligada ao ego, e que um ego fraco pode resultar em uma variedade de problemas psicológicos.
A psicanalisemoderna expandiu esses conceitos, permitindo uma exploração mais profunda das razões subjacentes à baixa autoestima.
Carl Jung, por exemplo, fala da “sombra”, o aspecto escuro e inaceitável de nossa personalidade que frequentemente negamos. O reconhecimento e a integração da sombra podem ser passos cruciais para melhorar a autoestima.
Terapeutas treinados em abordagens psicanalíticas podem ajudar os indivíduos a explorar essas questões em um ambiente seguro. Além disso, esses profissionais podem ajudar a identificar como normas e expectativas culturais contribuem para sentimentos de inadequação.
As terapias que integram perspectivas psicanalíticas com foco no bem-estar, espiritualidade e sustentabilidade podem oferecer uma abordagem mais holística e, portanto, mais eficaz.
Ao explorar essas influências culturais e pessoais, as pessoas podem começar a reconstruir uma autoimagem mais saudável, beneficiando tanto a si mesmas quanto à comunidade em geral.
Consequências da baixa autoestima
Um dos problemas associados à baixa autoestima é a ansiedade de desempenho, que pode manifestar-se em várias áreas da vida, incluindo o desempenho sexual. De acordo com Barlow (1986), a ansiedade de desempenho pode resultar em disfunção erétil, uma condição que afeta uma grande proporção de homens em algum momento de suas vidas.
A disfunção erétil (DE) não é apenas um problema físico; ela também tem raízes psicológicas. A pressão para ter um desempenho sexual perfeito pode ser intensa, alimentada por representações culturais e mídia. Isso aumenta o estresse e a ansiedade, o que, por sua vez, pode contribuir para a DE.
O tratamento para a DE frequentemente envolve uma combinação de terapia médica e psicológica. Medicamentos como o sildenafil (Viagra) podem ser eficazes, mas não abordam a raiz do problema.
Terapias psicológicas, particularmente aquelas baseadas em princípios psicanalíticos, podem ser mais eficazes a longo prazo.
Novamente, a integração de práticas terapêuticas focadas em bem-estar, espiritualidade e sustentabilidade pode oferecer uma abordagem mais completa.
Por exemplo, técnicas de mindfulness podem ajudar a reduzir a ansiedade, enquanto uma compreensão espiritual mais profunda pode fornecer um contexto mais rico para a sexualidade.
Fortalecimento e resolução de conflitos
As terapias psicanalíticas têm um forte histórico no trabalho de fortalecimento da autoestima e na resolução de conflitos internos.
De acordo com Kohut (1971), o desenvolvimento de um self coeso é fundamental para uma autoestima saudável. Terapeutas psicanalíticos trabalham com pacientes para explorar traumas, medos e desejos inconscientes que podem estar afetando a autoestima.
A eficácia deste tipo de terapia não é apenas anedótica; ela é apoiada por evidências científicas. Wallerstein (1989) relatou que pacientes que se submetem à psicoterapia de longo prazo frequentemente mostram melhorias significativas na autoestima e no bem-estar geral.
O trabalho terapêutico pode ser enriquecido pela integração de práticas focadas em bem-estar, espiritualidade e sustentabilidade. Terapias alternativas como a meditação ou o ioga podem ser incorporadas para fornecer uma abordagem mais holística.
Em suma, o trabalho psicanalítico pode ser uma ferramenta poderosa para enfrentar e resolver conflitos internos que afetam a autoestima.
Ao trabalhar para resolver esses conflitos, as pessoas não apenas experimentam uma melhoria em seu próprio bem-estar, mas também se tornam mais aptas a contribuir positivamente para a sociedade.
É relevante destacar que o alcance da psicanalisevai além do consultório terapêutico.
O impacto de uma autoestima melhorada tem ramificações em várias áreas da vida, incluindo relações interpessoais, desempenho no trabalho e até mesmo a capacidade de contribuir para objetivos sociais mais amplos como sustentabilidade e bem-estar comunitário.
Ressignificando e agregando valores
O conceito de “ressignificação” está ganhando terreno no campo da psicoterapia e tem aplicações significativas na melhoria da autoestima e bem-estar.
O termo implica em uma mudança de perspectiva, permitindo que experiências passadas ou atuais sejam vistas sob uma nova luz. Viktor Frankl, em seu livro “O Homem em Busca de Sentido” (1946), propõe que encontrar sentido até mesmo em situações de sofrimento extremo pode ser uma forma de sobrevivência psicológica.
Assim, terapias que incorporam o conceito de ressignificação não só oferecem novas maneiras de abordar problemas de autoestima, mas também oferecem novas possibilidades para aprendizagem e prestação de serviços.
A mudança de perspectiva pode ter um efeito cascata, permitindo uma melhor adaptação a desafios, bem como uma maior abertura para novas oportunidades e experiências.
Os terapeutas que integram esses princípios em sua prática não apenas oferecem aos seus pacientes melhores resultados em termos de bem-estar individual, mas também contribuem para a criação de comunidades mais saudáveis e resilientes.
Isso é particularmente relevante em uma era onde as crises, seja a de saúde mental ou ambiental, exigem uma abordagem multifacetada. Serviços terapêuticos que incorporam bem-estar, espiritualidade e sustentabilidade, não são apenas um luxo, mas uma necessidade.
Finalmente, ao redefinir e agregar valor à aprendizagem e prestação de serviços em práticas terapêuticas, estamos participando de uma mudança cultural mais ampla.
Uma que valoriza o bem-estar sobre a perfeição, a colaboração sobre a competição e a sustentabilidade sobre o consumo desenfreado. Esta é uma direção na qual vale a pena investir, tanto para o benefício individual quanto para o bem-estar coletivo da nossa sociedade.
CONCLUSÃO
O campo da psicoterapia oferece um tesouro de métodos e perspectivas que não apenas abordam os desafios da autoestima, mas também oferecem caminhos para o crescimento pessoal e social.
A integração de práticas focadas em bem-estar, espiritualidade e sustentabilidade não só reforça a eficácia dessas abordagens, como também as alinha com as necessidades emergentes de nossa época.
Floripa – 2023
REFERÊNCIAS BÁSICAS
1– O homem em busca de sentido – Viktor Frankl
Resenha: Este é um livro clássico da psicologia existencial, escrito pelo psiquiatra austríaco Viktor Frankl, que sobreviveu ao Holocausto. Frankl aborda a busca de sentido na vida como a força motriz fundamental do ser humano. Ele introduz a logoterapia, um tipo de psicoterapia que visa ajudar os indivíduos a encontrar o significado em suas vidas. Este livro é especialmente relevante para quem quer explorar a ressignificação de eventos traumáticos para melhorar o bem-estar e a autoestima.
Teóricos com posições diferenciadas: Enquanto Frankl enfoca o significado e a responsabilidade pessoal, outros teóricos, como Sigmund Freud, poderiam argumentar que os impulsos inconscientes desempenham um papel mais significativo no comportamento humano.
2- A coragem de ser imperfeito – Brené Brown
Resenha: Brené Brown, uma pesquisadora social, explora a ideia de que a vulnerabilidade e a imperfeição são pontos fortes, e não fraquezas. Ela argumenta que aceitar nossas falhas e aprender a ser vulneráveis podem nos levar a uma vida mais plena. O livro é um excelente recurso para quem quer entender como a cultura da perfeição afeta nossa autoestima e bem-estar.
Teóricos com posições diferenciadas: Carol Dweck, com seu conceito de “mentalidade de crescimento”, foca mais na importância do esforço e da aprendizagem contínua, em vez da aceitação da imperfeição.
3- Mentes ansiosas: o medo e a ansiedade nossos de cada dia – Ana Beatriz Barbosa Silva
Resenha: Este livro se aprofunda nas diversas formas que a ansiedade pode manifestar-se, inclusive na forma de ansiedade de desempenho. A autora oferece uma visão clínica dos transtornos de ansiedade e também propõe maneiras de gerenciar e tratar essas condições.
Teóricos com posições diferenciadas: Aaron T. Beck, o fundador da Terapia Cognitivo-Comportamental, poderia abordar a ansiedade de uma perspectiva mais focada nos padrões de pensamento distorcidos e menos no aspecto clínico e biológico.
4- A cura de Schopenhauer – Irvin D. Yalom
Resenha: Embora estruturado como um romance, este livro de Yalom oferece uma exploração profunda da psicoterapia, especialmente da terapia existencial. O autor apresenta a relação entre terapeuta e paciente e explora a necessidade humana de encontrar sentido na vida, semelhante às ideias de Viktor Frankl.
Teóricos com posições diferenciadas: Carl Rogers, um dos fundadores da abordagem centrada na pessoa, poderia ter uma visão mais otimista do potencial humano para o crescimento, em contraponto ao pessimismo filosófico de Schopenhauer.
5- Como fazer amigos e influenciar pessoas – Dale Carnegie
Resenha: Este é um dos livros mais vendidos de todos os tempos sobre habilidades sociais e inteligência emocional. Carnegie oferece princípios básicos sobre como interagir com os outros de uma maneira que não apenas faça você mais agradável para os outros, mas também aumente sua autoestima.
Teóricos com posições diferenciadas: Daniel Goleman, que cunhou o termo “Inteligência Emocional”, poderia focar mais na autopercepção e autorregulação, enquanto Carnegie é mais focado nas habilidades sociais externas.