O passe em Lacan é um procedimento criado por Jacques Lacan em 1967. Ele consiste na passagem do analisante para a posição de analista. O passe possui três sentidos distintos: a experiência singular de passagem, mecanismo de nomeação do analista e a criação de um novo tipo de laço social na comunidade da Escola Lacaniana. O analisante chega a um ponto da análise em que sente que ela chegou ao fim e escolhe assumir a posição de analista. Ele testemunha essa passagem a dois analistas que também estão passando por essa transição. Em seguida, os passadores transmitem esse testemunho a um júri composto por três analistas da Escola, que devem autenticar o passe e decidir se nomeiam ou não o passante como Analista da Escola.
Principais pontos para entender sobre o passe em Lacan:
- O passe em Lacan é um procedimento criado por Jacques Lacan em 1967.
- Consiste na passagem do analisante para a posição de analista.
- Possui três sentidos distintos: experiência singular de passagem, mecanismo de nomeação do analista e criação de um novo tipo de laço social.
- O analisante testemunha essa passagem a dois analistas que também estão passando por essa transição.
- Um júri composto por três analistas da Escola autentica o passe e decide se nomeia ou não o passante como Analista da Escola.
Os estágios do passe em Lacan
O processo do passe em Lacan envolve diferentes estágios que são fundamentais para compreender a transição do analisante para o analista. Esses estágios são etapas cruciais na experiência psicanalítica e permitem uma reflexão profunda sobre a transformação do sujeito ao longo do processo analítico.
No primeiro estágio, o analisante chega a um momento em sua análise em que considera que ela chegou ao fim. Este é um momento crucial, pois o analisante precisa estar preparado para assumir a posição de analista.
No segundo estágio, o analisante escolhe não mais ocupar a posição de analisante e assume a posição de analista. Isso implica em uma mudança de perspectiva e um comprometimento com uma nova posição na relação analítica.
No terceiro estágio, o analisante testemunha essa passagem a dois passadores, que também estão passando pela mesma transição. Os passadores escutam atentamente o testemunho do passante, que relata suas experiências e reflexões ao longo do processo analítico.
Os estágios do passe em Lacan
Estágio | Descrição |
---|---|
Estágio 1 | O analisante considera que a análise chegou ao fim |
Estágio 2 | O analisante assume a posição de analista |
Estágio 3 | O analisante testemunha a passagem a dois passadores |
No último estágio, o testemunho do passante é transmitido ao júri, composto por três analistas da Escola. O júri analisa o testemunho e decide se nomeiam ou não o passante como Analista da Escola, levando em consideração a autenticidade da experiência vivida e a capacidade do passante em ocupar a posição de analista.
Esses diferentes estágios do passe em Lacan são essenciais para a compreensão da dinâmica e do processo de transição do analisante para o analista. Eles evidenciam a importância da experiência individual e coletiva na formação do analista e na construção de um novo tipo de laço social na comunidade psicanalítica.
A função e a ética do passe em Lacan
O passe em Lacan desempenha uma função crucial dentro da psicanalise, permitindo a produção de um trabalho teórico sobre a passagem do sujeito da posição de analisante para a posição de analista. Além disso, o passe funciona como um mecanismo de nomeação do analista da Escola, autenticando a passagem do analisante e conferindo-lhe um novo estatuto.
Ao assumir a posição de analista, o passante testemunha sua própria passagem a dois passadores, que também estão em processo de transição. Essa experiência singular é transmitida ao júri, composto por três analistas da Escola Lacaniana, que analisam o testemunho e decidem se nomeiam ou não o passante como Analista da Escola. Dessa forma, o passe em Lacan cria um laço social dentro da comunidade da Escola, baseado na transmissão e no compartilhamento de experiências.
A ética do passe em Lacan está intimamente ligada ao princípio de que o analista se autoriza de si mesmo. Isso significa que a autoridade do analista não é proveniente de uma instância externa, mas sim do próprio analista. O passe proporciona ao analisante a oportunidade de se comprometer com uma nova experiência no coletivo, transmitindo sua análise a outros e assumindo a responsabilidade por sua própria autorização.
Função do passe em Lacan
O passe em Lacan desempenha uma função central na psicanalise, permitindo a reflexão e a produção de conhecimento sobre a passagem do analisante para a posição de analista. Esse procedimento singular proporciona uma compreensão mais profunda da experiência psicanalítica e da transformação do sujeito ao longo do processo analítico.
Ética do passe em Lacan
A ética do passe em Lacan está relacionada ao princípio de que o analista só se autoriza de si mesmo. Essa ética fundamenta-se na ideia de que a autoridade do analista não vem de uma instância externa, como um órgão regulador, mas sim do próprio analista. O passe permite ao analisante se comprometer com seu próprio processo de análise, transmitindo sua experiência a outros e assumindo a responsabilidade por sua autorização como analista.
Função do Passe em Lacan | Ética do Passe em Lacan |
---|---|
O passe permite a produção de um trabalho teórico sobre a passagem do sujeito da posição de analisante para a posição de analista. | A ética do passe está baseada no princípio de que o analista só se autoriza de si mesmo. |
O passe funciona como um mecanismo de nomeação do analista da Escola, autenticando a passagem do analisante. | A autoridade do analista não vem de uma instância externa, mas sim do próprio analista. |
O passe cria um novo tipo de laço social na comunidade da Escola Lacaniana, baseado na transmissão de experiências. | O analisante se compromete com uma nova experiência no coletivo e assume a responsabilidade por sua própria autorização. |
A sustentação do passe em Lacan
O passe em Lacan é um procedimento que se sustenta em uma perspectiva única e original. Diferente de outros métodos de autorização e nomeação, o passe não se baseia em uma autoridade externa, mas sim na própria experiência do analisante. Essa sustentação está relacionada à ideia de que o passe não visa garantir certezas ou univocidade, mas sim promover uma experiência precária e arriscada.
O sucesso do passe reside justamente na sua precariedade, que permite o surgimento do desejo de analista. À medida que o analisante deixa de se autorizar de seu analista e passa a se autorizar de si mesmo e da experiência vivenciada na análise, ocorre uma mudança significativa na autorização. Essa mudança implica em uma transformação no próprio sujeito, que se reconhece como sujeito suposto saber.
“O passe em Lacan é uma aposta no sujeito, um ato de coragem que envolve assumir a posição de analista e transmitir a própria experiência. É uma experiência autêntica e subjetiva, que não busca a validação externa, mas sim o reconhecimento interno e a possibilidade de contribuir para a formação do analista e para o funcionamento da Escola Lacaniana.”
As implicações do passe em Lacan vão além da formação do analista. Ao promover a passagem do analisante para a posição de analista, o passe cria um novo tipo de laço social na comunidade da Escola. Através do compartilhamento de testemunhos e experiências, os membros da comunidade são convidados a refletir sobre a transição do analisante para o analista e a contribuir para o desenvolvimento da psicanaliselacaniana.
Implicações do passe em Lacan | Descrição |
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Transformação subjetiva | O passe implica em uma mudança na autorização, em que o analisante deixa de se autorizar de seu analista e passa a se autorizar de si mesmo e da experiência vivenciada na análise. |
Mudança na formação do analista | O passe promove uma reflexão profunda sobre a passagem do sujeito da posição de analisante para a posição de analista, contribuindo para a formação do analista da Escola Lacaniana. |
Criação de um novo tipo de laço social | O compartilhamento de testemunhos e experiências no passe cria um novo tipo de laço social na comunidade da Escola Lacaniana, possibilitando o desenvolvimento da psicanaliselacaniana. |
A sustentação do passe em Lacan está fundamentada na valorização da subjetividade e da experiência do analisante. É um procedimento que questiona as autoridades externas e busca o reconhecimento interno. Essa abordagem singular do passe traz implicações significativas para a formação do analista e para o funcionamento da comunidade psicanalítica.
Conclusão
O passe em Lacan é um procedimento complexo e original que envolve a análise do sujeito e a passagem para a posição de analista. Durante o passe, o analisante vivencia uma experiência singular de transição, testemunhada por passadores e autenticada por um júri da Escola Lacaniana. Esse processo permite não apenas a nomeação do analista, mas também a produção de um trabalho teórico sobre a passagem do sujeito.
A ética do passe em Lacan está fundamentada na ideia de que o analista só se autoriza de si mesmo. Nesse sentido, o passe implica em uma mudança na autorização, em que o analisante deixa de se apoiar no analista e passa a assumir a responsabilidade por sua própria experiência analítica.
O passe lacaniano também possui implicações importantes para a formação do analista e para a sustentação da Escola Lacaniana. Através dessa prática, os membros da comunidade psicanalítica têm a oportunidade de compartilhar e discutir suas experiências, formando um novo tipo de laço social no campo da psicanalise.
Em conclusão, o passe em Lacan é uma etapa fundamental no percurso do analisante, que possibilita a transição para a posição de analista e estimula a reflexão sobre o trabalho analítico. Mesmo que nem todos os passantes sejam nomeados como Analistas da Escola, a análise do passe e sua discussão são essenciais para a comunidade psicanalítica.
FAQ
O que é o passe em Lacan e como ele funciona?
O passe em Lacan é um procedimento criado por Jacques Lacan em 1967. Ele consiste na passagem do analisante para a posição de analista. O passe possui três sentidos distintos: a experiência singular de passagem, mecanismo de nomeação do analista e a criação de um novo tipo de laço social na comunidade da Escola Lacaniana. O analisante chega a um ponto da análise em que sente que ela chegou ao fim e escolhe assumir a posição de analista. Ele testemunha essa passagem a dois analistas que também estão passando por essa transição. Em seguida, os passadores transmitem esse testemunho a um júri composto por três analistas da Escola, que devem autenticar o passe e decidir se nomeiam ou não o passante como Analista da Escola.
Quais são os estágios do passe em Lacan?
O processo do passe em Lacan envolve diferentes estágios. Primeiro, o analisante chega a um momento em sua análise em que considera que ela chegou ao fim. Em seguida, ele escolhe não mais ocupar a posição de analisante e assume a posição de analista. Depois, ele testemunha essa passagem a dois passadores, que estão passando pela mesma transição. Eles escutam o testemunho do passante e, em seguida, transmitem esse testemunho ao júri. O júri, composto por três analistas da Escola, analisam o testemunho e decidem se nomeiam ou não o passante como Analista da Escola. Esses diferentes estágios do passe em Lacan permitem uma reflexão profunda sobre a transição do analisante para o analista.
Qual é a função e a ética do passe em Lacan?
O passe em Lacan possui uma função importante dentro da psicanalise. Ele permite a produção de um trabalho teórico sobre a passagem do sujeito da posição de analisante para a posição de analista. Além disso, o passe também funciona como um mecanismo de nomeação do analista da Escola, autenticando a passagem do analisante. A ética do passe em Lacan está relacionada ao princípio de que o analista só se autoriza de si mesmo. Ou seja, a autoridade do analista não vem de uma instância externa, mas sim do próprio analista. Através do passe, o analisante tem a oportunidade de transmitir sua experiência a outros e se comprometer com uma nova experiência no coletivo, formando um novo tipo de laço social na comunidade da Escola.
Qual é a sustentação do passe em Lacan?
A sustentação do passe em Lacan está relacionada à ideia de que o passe não se baseia em uma autoridade externa, mas sim na própria experiência do analisante. O passe não é um procedimento que visa garantir certezas ou univocidade, mas sim uma experiência precária e arriscada. O sucesso do passe está justamente na sua precariedade, que permite o surgimento do desejo de analista. O passe implica em uma mudança na autorização, em que o analisante deixa de se autorizar de seu analista e passa a se autorizar de si mesmo e da experiência vivenciada na análise. Essa mudança de autorização tem implicações importantes para a formação do analista e para o funcionamento da Escola Lacaniana.
Qual é a conclusão sobre o passe em Lacan?
O passe em Lacan é um procedimento complexo e original que envolve a passagem do analisante para a posição de analista. Ele possui múltiplos sentidos e funções, como a produção de um trabalho teórico sobre a passagem do sujeito, o mecanismo de nomeação do analista da Escola e a criação de um novo tipo de laço social. A ética do passe está relacionada ao princípio de que o analista só se autoriza de si mesmo. O passe tem implicações importantes para a formação do analista e para a sustentação da Escola Lacaniana. Mesmo que nem todos os passantes sejam nomeados como Analistas da Escola, a experiência do passe não deve ser silenciada, mas sim compartilhada e discutida entre os membros da comunidade psicanalítica.