Manejo de Transferência – Parece agradar, a vaidade das vaidades, não se desconfiar – “desinformante”- quando se divulga de modo ingênuo, opinativo e preconceituoso, impressões ao pratofreudiano, à semelhança das “pseudoautoridades”, que soem se apresentar em discussões calorosas e escandalosas, em assuntos de religião e política.
INTRODUÇÃO (manejo de transferência)
A regra básica, recomendada, de boa convivência é igualmente evitar a discussão polarizada quando o assunto é psicanalise. Certo!?
Falar com propriedade e bom senso, é privilégio reservado aos profissionais e estudantes apaixonados pelo assunto, enquanto conhecimento científico, cultural e profissional.
Falar a partir da experiência pessoal em terapia, é direito reservado à lógica da conveniência, àqueles, igualmente, “privilegiados à análise”, por meio da mediação técnica e terapêutica, focada na recuperação do sofrimento psicológico e alívio da dor física, temporal.
Por outro lado, o mundo da psicanalise
(…) tem em suas entranhas, segredos/mistérios… vale a pena revisitar a título de iniciação, primeiros passos. Aproximar, informar e direcionar-se ao conhecimento com paixão, fará diferença e desconstruirá preconceitos.
Até onde se sabe, a psicanaliseainda continua território estranho e distante da população, em sua maioria, que não conta com seu benefício, em termos de cura e de acessibilidade democrática.
Hoje em dia, trata-se de convite sedutor, conhecer, de modo honesto, talvez até apaixonante, a existência da psique humana e suas implicações na compreensão da subjetividade do “fazer-se humano”.
Experimentar a vida neste século XXI, é reconhecer-se sujeito de relacionamentos saudáveis e colaborativos, onde se aprende, a cada dia inovar, isto é, fazer diferença à cidadania, aqui e agora, no compromisso e propósito por uma consciência planetária.
Sem falar da sinergia potencial da inteligência emocional, sempre a agregar maturação e capacidade de adaptabilidade às mudanças. Ainda mais, dos desafios à comunicabilidade, a ressignificar “percepções/impressões” ao “narcisismo egóico”.
A psicanalisenão é uma ciência (manejo de transferência)
É uma parte da psicologia, que estuda a psicologia das “profundezas”. Quatro elementos, segundo Freud, caracterizam a psicanalise: o inconsciente, a interpretação, a resistência e a transferência.
A psicanalisetem como um dos objetivos – criar vínculos entre o psicanalista e o analisando, com a intenção de compreender/curar os sintomas na interpretação da angústia, sofrimento e dor.
Freud/Lacan procuram entender o fenômeno humano à luz de uma metapsicologia e passam a pensar a realidade do inconsciente, criando discípulos e inimigos, à época e até aos dias de hoje. Como eles afirmam, descobriu-se um método/teoria psicanalítica para abordar o inconsciente.
Nesta narrativa, o interesse se volta para a dimensão da transferência e contratransferência, com a intenção de expressar a compreensão do olhar e do fazer psicanalítico, transferência fortemente sinalizada por Freud, como procedimento básico e indispensável à boa escuta e associação livre de palavras.
O fenômeno da transferência e contratransferência, espaço psicanalítico, aparece temático no cinema, na literatura, em cantos e poesias… Vale a pena abordar, a título de sensibilização, um filme interessante que permitirá a reflexão e debate, caloroso, visto que, se explora uma das “recomendações básicas” de Freud no quesito relação do analista com seu analisando.
Jornada da alma,
(…) retrata uma perspectiva histórica do jovem Jung. No tratamento e vivência psicanalítica da busca pela cura de Sabina, Jung se vê envolvido amorosamente e compromete o processo da cura de sua paciente.
Nos desdobramentos, pode-se observar tanto a paixão quanto o ódio presente na relação do analista com a analisanda. No que se segue, a intenção é mostrar o envolvimento afetivo-amoroso, que pode acontecer, presente no processo psicanalítico.
A orientação é a de não envolvimento, trata-se de uma relação profissional e Freud, atento à fraqueza do analista, estabeleceu “orientações” no exercício desta profissão.
Segundo Freud «Nenhum analista pode ir além do que os seus próprios complexos e resistências permitem» (OLIVEIRA).
A transferência
(…) aparece pela primeira vez a Freud em seus estudos sobre histeria. De início, ele não deu muita importância ao fenômeno pelo fato de não conseguir delimitar com segurança sua manifestação, consequência e presença positiva no processo de cura.
Entretanto, no campo da psicanalise, conseguiu estudar a regularidade, o benefício, chegando a elaborar a teoria da transferência que iria se tornar uma referência imprescindível ao processo terapêutico.
É considerada um tipo de resistência e grande obstáculo à psicanalise, no entanto, será uma construção que permitirá ao analista identificar, diagnosticar e compartilhar com o analisando sua enfermidade, para juntos buscarem a solução curativa.
O analisando vivencia o passado na sua relação com o analista, que do presente, observa o passado, para compreender, colher informações e recuperar os vínculos interrompidos, de modo cooperativo e solidário.
Pode-se afirmar, respaldado em Freud, que a situação transferencial por ser uma barreira de resistência, pode ser estudada e contará a favor da associação livre, ajudando sobretudo, na progressividade do processo psicanalítico, sem perda de tempo, de modo especial, em situações complexas, quando não se tem clareza dos elementos e da direção à cura.
É na transferência que o analista encontra o melhor lugar para revivenciar com o analisando seus desencontros emocionais armazenados ao longo da existência.
A contratransferência foi descrita por Freud em 1910. Está relacionada à experiência do analista que se vê envolvido pelo analisando em seus pensamentos, sentimentos e comportamentos vinculantes de reciprocidade.
CONCLUSÃO (manejo de transferência)
O que se observa, em textos analisados de conteúdo psicanalítico – o tratamento psicoterápico se volta à revitalização do vigor emocional que acontece na relação do analisando consigo mesmo e com os outros, em seu entorno. O bom analista, procura potencializar o protagonismo, provoca o analisando a emancipar-se, em termos de liberdade/consciência, interna e externamente.
Consequências dessa intervenção – melhora a autoestima e confiança do analisando, permitindo a sensação de superação do sofrimento. Recupera-se o ego que se vê mais seguro e competente, vencendo o isolamento causado pelos problemas psicológicos, vivenciados em sua história de vida.
No exercício da prática psicanalítica, em seu sagrado ritual – de relações honestas e éticas, de reciprocidade entre analista e analisando – a subjetividade se vê novamente reabilitada e novamente habitada, sujeito protagonista da situação.
Essa “qualidade do encontro afetivo”, permite, não só a ressignificação das impressões e das percepções, do passado sofrível, bem como da ressignificação do sentido da experiência psicanalítica, que acontece por meio da cura terapêutica, aplicada aos conflitos aflitivos, levados ao divã.
“A cura é uma demanda que faz parte da voz do sofredor, de alguém que sofre pelo seu próprio corpo ou por seu pensamento “, segundo Lacan.
FLORIPA, 16.08.23
Bibliografia básica
- “A Interpretação dos Sonhos” de Sigmund Freud
- Resenha: Esta obra seminal de Freud introduz a teoria dos sonhos como realizações de desejos, apresentando os mecanismos do trabalho do sonho. É uma leitura essencial para compreender os alicerces da psicanalisee a importância dos processos inconscientes na vida cotidiana.
- “A Clínica Psicanalítica no Contemporâneo: Desafios e Possibilidades” de Durval Marcondes
- Resenha: Marcondes reflete sobre os desafios da prática psicanalítica no cenário contemporâneo, discutindo questões como a acessibilidade ao tratamento, a formação de analistas e a relevância da psicanalisena atualidade.
- “Psicanálise e Medicina: Uma Parceria da Clínica do Corpo ao Corpo da Clínica” de Jurandir Freire Costa
- Resenha: A obra aborda a intersecção entre medicina e psicanalise, trazendo reflexões sobre a importância da abordagem psicanalítica no tratamento de sofrimentos físicos e psicológicos, assim como sua relevância na formação médica.
- “A Paixão do Negativo: Lacan e a Dialética” de Vladimir Safatle
- Resenha: Safatle, em seu estudo profundo sobre Lacan, explora a relação entre psicanalise, dialética e subjetividade. O autor discute a capacidade da psicanaliseem articular a dinâmica da negação na formação da subjetividade humana, fazendo conexões com a filosofia contemporânea.
- “O Livro Negro da Psicanálise: Viver, Pensar e Estar Bem Sem Freud” de Catherine Meyer (Org.)
- Resenha: Esta coletânea de ensaios oferece uma visão crítica da psicanalise, questionando seu status como ciência e sua eficácia terapêutica. O livro convida o leitor a ponderar sobre os limites e possibilidades da psicanalise, sendo relevante para quem busca compreender o papel da psicanalisena sociedade contemporânea.