“Somos o que acreditamos, o que desejamos” – você já se deu conta deste mantra? À psique humana se atribui a capacidade de dar passos, ocupar espaços e enxergar o mundo, à proporção da desconstrução/reconstrução da própria singularidade.
Síndrome do Pânico – É por meio dela, da psique, que a vida pode se apresentar apequenada e/ou exponencialmente “dilatada”, a permitir avanços, dos níveis rasos aos mais profundos, dos rochedos aos céus, desde que se tenha como ponto de partida, uma boa causa, neste “causo”, o pensamento grego, “cirurgicamente cativante” pode dar as boas-vindas, – “conhece-te a ti mesmo”.
Síndrome de pânico(1), “medo de ser feliz”.
Cultivar atitudes para se empoderar, à semelhança do “Delenda est Carthago”, será uma forma para desconstruir os medos que assolam a preparação para grandes batalhas, que impedem voos mais altos, cada dia. Deixe-se motivar.
Mesmo que seja com a experiência da “agressividade construtiva”, latência da pulsão de morte, justamente ela, poderá conduzir a vida, desde que, bem canalizada … “It is really the anger that makes me work”.
Em Chapeuzinho Amarelo, Chico Buarque pega uma carona na fábula original e nos oferece o atalho para se encarar o medo, a tristeza. Desafios se vencem com determinação e persistência contra medos, sejam, ficção e/ou realidade.
Quem experimenta a síndrome de pânico(2), uma espécie de desencorajamento crônico, acompanhado de um estado de desesperança, experimenta a sensação de despersonalizar-se. Cada vez mais, uma amostragem significativa, chama atenção, ataques/síndromes de pânicos, presentes em clínicas médicas, psicanalistas e periódicos de estatística.
Se você tem a síndrome, não tenha medo de ser feliz – “longe é um lugar que não existe”…. Recorda-se daquele romance, “A história de Fernão Capelo Gaivota”, escrito por Richard Bach?
Não se acantone! Não se afugente! Não se distancie! Aprenda a voar e retorne ao bando. Você pode habitar os espaços onde os sentimentos/emoções fazem coração pulsar/voar, mais forte.
“Amanhecia, e o novo sol pintava de ouro as ondas de um mar tranquilo (…) Fazer o que amamos nos leva automaticamente a descobrir mais sobre quem realmente somos (…) E no meio do aqui e agora, não acha que podemos nos encontrar, de vez em quando,” (Bach)?
Nesta “acroasefreudiana”(3), que se descortinará a seguir, a intenção se volta solidária, à superação da síndrome do pânico. Alavancar a possibilidade do voo com estratégia inteligente, será um forma de esperançar, partidas e chegadas, encontros e desencontros. Considere fundamental, a dedicação e a disciplina das “gaivotas”, farão diferença, ao decolar/aterrar, em voos rasantes, cada vez mais rápidos e belos.
Compromissos/treinamentos exitosos, em cada amanhecer, dependem de sabedoria/conhecimento, sobretudo da boa vontade, que à madrugada, bate à porta, à moda de Arquimedes – “Deem-me um ponto de apoio e uma alavanca e eu moverei o mundo”.
Carinhosamente – (síndrome do pânico)
(…) por uma apresentação da “ópera do pânico(3), em resumo”.
Primeiro ato – compreender o transtorno de pânico.
Segundo ato – assumir o protagonismo, sua autodeterminação contagiará o seu entorno. Aquele que tem interesse, disponibilidade e boa vontade em reaprender a reinventar-se, dia a dia, atente-se à resiliência. Equilibrar-se, desintoxicar-se, superar-se, para longe do medo de ter medo e aproximar-se para bem perto daqueles que lhe querem ver feliz, bem humorado, realizado, homem/mulher, renovado – em vencendo as adversidades.
Terceiro ato – aprender a administrar suas reações. O mundo externo/interno poderá, até ser, um lugar assustador. Sempre dependerá da escolha subjetiva, do lugar paradisíaco para onde se quer ir e das gaivotas, que se permitidas, farão parte do bando, a experimentar velocidade e força, juntas, riscando os céus, em voos e mergulhos, inimagináveis.
Quarto ato – cultivar o pensamento positivo. Solidão não é estar só, é alimentar o medo de existir, de não ser feliz. “Quem olha para fora sonha. Quem olha para dentro desperta” (Jung). Lembre-se que na experiência da síndrome de pânico(4), o perigo vem de dentro.
Quinto ato – desconstruir/reconstruir a memória traumática (5) . Na verdade, todo ser humano, têm algum medo. O que não se pode alimentar é o medo das coisas que não precisam existir. Em se tratando da síndrome do pânico, até onde os medos seriam reais e até onde, não passariam de ficção?
A imaginação e a sua varinha de condão, com seu poder de “fazer-existir”, por meio do transtorno de ansiedade – pode persuadir “gaivotas desavisadas” a fechar as retinas, cada vez mais cedo, “ensimesmadas”, em rochedos, longe das alturas, do prazer de voar.
“Eu sei que a gente se acostuma (síndrome do pânico)
Mas não devia”…, de Marina Colasanti, você se lembra desta crônica, publicada no Jornal do Brasil, 1972 ? Uma de minhas pérolas prediletas, carrego na “algibeira”, até hoje. E, porque não tem vista, não olha para fora, não abre as cortinas, e, “à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão” (6).
Na experiência da síndrome do pânico, nada será como antes. “A gente se acostuma”. A gente se acostuma, mas não devia.
Diziam a mim, na adolescência, que existe uma diferença entre ato e atitude, quando o assunto é vital, de modo especial – em se tratando de “decisões existenciais”.
Ninguém deve ser julgado para o bem ou para o mal por um ato praticado, poderá ser isolado, se acontecer em terreno arenoso, ainda que, a depender das intenções, palatável.
Pelo contrário, atitude sim, fala-se de uma sequência de atos, evidentemente, instalados, caracterizando o comportamento permanente – daquele estado de espírito que se manifesta pela autoestima, elevada e proativa.
Trata-se da atitude que pode identificar até o “caráter”, se em terra boa, à semelhança de um leitmotiv, a expressar a melodia da vida, com suas notas musicais, em busca de harmonização.
Harmonizantes sensações de alegria/tristeza, vibrações, à espera de escolhas sinérgicas. Todo ser humano tem o seu diapasão existencial, refúgio preferencial, quando precisa afinar as cores da vida, em momentos de “epifania”, de insights – verdadeiros acordes, podem brotar de “acordos viscerais”, escolhidos para se viver.
“A gente não pode se acostumar” com a síndrome do pânico, é preciso reagir, a partir de uma decisão compromissada, construir uma sequência de atos e criar uma cultura atitudinal de enfrentamento e superação desse medo, quase sem saída.
Contar com o apoio de profissionais da saúde, médicos psiquiatras, terapeutas e psicanalistas – será imprescindível no resgate dessas experiências traumáticas.
Que tal elaborar breve rascunho (síndrome do pânico)
(…) já o fiz, no passado, até em “papel de pão”, recurso estratégico, doméstico e porque não, “apelidá-lo” de “pedagógico”. Criatividade a ser compartilhada e “experimentada”, e – à cabeceira da cama, transforme seu rascunho criativo em “vade mecum”, com informações mínimas necessárias, para se iniciar na superação do transtorno de pânico.
Informações mínimas e necessárias, hão de garantir os primeiros passos. Trata-se de uma abordagem prática, eficiente e direta. Considere e acrescente, a seguir, este guia psicoterapêutico.
Após a leitura, faça uso dos comandos, personalize cada item, subjetivamente, caracterize sua realidade e acrescente, ações concretas, seu compromisso.
Guia psicoterapêutico (síndrome do pânico)
1- “A Síndrome do Pânico (minha visão) – é um distúrbio psicológico que leva uma pessoa a ter várias crises de medo, angústia e terror. Com o tempo causa profundas mudanças no indivíduo, a pessoa passa a ter medo das coisas mais simples, como sair de casa ou andar de elevador, por exemplo.
2- Principais sintomas da crise (meus sintomas): apesar de ser um doença psicológica, o pânico provoca sintomas físicos. São crises muito intensas, caracterizadas por: ansiedade, palidez, fraqueza, suor intenso, falta de ar, palpitações, tonturas, tremores, desmaio, sensação de morte.
3- Causas (minhas causas): a Síndrome de Pânico pode surgir após alguma situação traumática, vivida por exemplo, um assalto, sequestro, acidente, entre outros. Quando não tratada, a síndrome leva o indivíduo a desenvolver diversas fobias, que vão limitando sua vida, afastando dos amigos e familiares, e tornando a pessoa, cada vez mais, reclusa, dentro de casa.
4- Tratamento (meu tratamento): é necessário uma associação de medicamentos com psicoterapia. Os remédios ajudam a diminuir a ocorrência da crise, e o tratamento psicológico ajuda a entender as causas das crises. Técnicas de controle de respiração e da ansiedade ajudam a amenizar as crises de pânico” (blog, sindromedopanico.com. br).
5- Minhas ações concretas (…)
Então, pronto para o novo jeito de se olhar em frente? Não existe limite. Voar, treinar, aprender…voos rasantes para asas “malhadas” e corpo sarado – “mens sana in corpore sano”. Faça-se acompanhar da cumplicidade do “rascunho legível”, à cabeceira – à semelhança de um “vade mecum”, d’ora em diante, seu “vade mecum”.
CONCLUSÃO (síndrome do pânico)
Lembre-se, sempre – seu “desamparo” importa, tanto quanto sua “alteridade”, isto é, ao se melhorar a qualidade de vida “abate-se o desamparo” e “expande-se a alteridade. “Outros”, existirão, ao seu entorno, acredite. Não se deixe aprisionar pelas sombras. Não feche as cortinas desta vez (…)
Existe um mundo, lá fora, diferente, para além dos casulos.
Desacostume-se, “renasça das sombras” – nada precisará ser como antes.
Conte conosco/comigo.
FLORIPA, AGOSTO 2023
Notas
- “Ataque de pânico é uma manifestação extrema da ansiedade caracterizada por uma grande descarga de hormônios e uma série de sintomas por todo o corpo. Geralmente descrito como uma sensação intensa e súbita de medo” (…) O ataque de pânico descreve um evento único enquanto a síndrome de pânico inclui a ocorrência de ataques repetidos, o medo constante de quando o próximo ataque acontecerá e a adoção de medidas para evitar os lugares onde os últimos ataques ocorreram”, (Kestenberg).
- “A freqüência dos ataques de pânico é variável, desde apenas alguns ataques durante o ano até várias vezes por dia. Freqüentemente, o distúrbio é acompanhado por agorafobia (do grego ágora = assembléia, praça pública + phobia = medo), ou medo de estar sozinho em lugares públicos ou abertos e amplos, especialmente se a saída deste lugar se torne difícil, no caso de ocorrer uma crise de pânico”, (Módulo VII).
- “Em 1895, Freud, criou o termo “neurose de ansiedade” e descreveu um quadro de irritabilidade, expectativa ansiosa, parestesia, espasmos cardíacos, sudorese e dispnéia, podendo ser crônica ou manifestar-se com ataques distintos, (Sakabe).
- “Freud afirmou que – não é de se esperar que o uso da palavra “pânico” seja claro e determinado sem ambiguidade. Às vezes ela é utilizada para descrever qualquer medo coletivo, outras até mesmo para descrever o medo no indivíduo quando ele excede todos os limites e, com frequência, a palavra parece reservada para os casos em que a irrupção do medo não é justificada pela ocasião([1921] 1996: 108)”, (Zanetti, Peres).
- “Os melhores resultados são obtidos por um tratamento que contemple todos estes objetivos: a compreensão do processo do pânico, o desenvolvimento da capacidade de auto-regulação, o aumento da janela de tolerância, o trabalho com os pensamentos automáticos negativos e o processamento das memórias traumáticas” (Artur Scarpato).
- “ (…) A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. A gente se acostuma… para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si mesma” (Marina Colasanti).
Referências básicas
- “Vencendo o Pânico” de Bernard Rangé e Adriana Zilberman – Resenha: Esta obra é uma referência quando se trata de síndrome de pânico. Os autores, especialistas em terapias cognitivas, oferecem informações claras sobre a condição e propõem abordagens práticas para enfrentar e superar os ataques. O livro é tanto para quem sofre do transtorno quanto para profissionais da área da saúde.
- “O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressão” de Andrew Solomon – Resenha: Solomon oferece uma análise profunda sobre a depressão, entrelaçando sua própria experiência com uma ampla pesquisa. Através de sua narrativa, é possível compreender os nuances do medo de ser feliz e a luta constante contra a desesperança que muitos sentem. A obra é um lembrete de que a jornada para a cura e a compreensão é tão importante quanto o destino.
- “A Coragem de Ser Imperfeito” de Brené Brown – Resenha: Brown explora a importância da vulnerabilidade e como aceitar nossas imperfeições pode nos levar a uma vida mais plena e significativa. Ela discute o medo, a vergonha e a sensação de não sermos bons o suficiente, mostrando como esses sentimentos nos impedem de viver plenamente e como podemos nos libertar deles.
- “Mentes Ansiosas: Medo e Ansiedade Além dos Limites” de Ana Beatriz Barbosa Silva – Resenha: Neste livro, a autora discorre sobre os vários transtornos ansiosos, com destaque para a síndrome do pânico. Com uma linguagem acessível, ela apresenta histórias reais, sintomas, causas e tratamentos, tornando-o um guia completo para quem busca compreender melhor esse universo.
- “O Poder do Agora” de Eckhart Tolle – Resenha: Tolle apresenta uma abordagem espiritual sobre a importância de viver o presente. Ele argumenta que a maior parte do nosso sofrimento é causada pela nossa mente e pelo nosso pensamento constante no passado e no futuro. Ao aprender a estar presente e aceitar o “agora”, podemos encontrar uma paz duradoura e superar muitos dos medos e ansiedades que nos afligem.